Monday, November 28, 2005

Nonviolent Communication, de Marshall Rosenberg

Eu sempre me intriguei com o fato de que os nossos relacionamentos mais positivos, afetuosos e profundos são justamente os que mais comumente causam conflito e violência em nossas vidas. O que faz com que pessoas que amem uma à outra, e que têm as melhores intenções em relação uma à outra, sejam as mesmas que também machucam tanto uma à outra? Minha resposta pessoal é que a maior parte dos conflitos e agressões no nível interpessoal é causada por erros de comunicação e mal-entendidos. Na verdade eu acredito que é assim mesmo em relações menos pessoais, tais como aquelas com colegas e estranhos na rua. É por isso que eu sempre estive profundamente interessado em aprender a me comunicar com as pessoas de uma forma que clarifique as coisas e o que as pessoas querem realmente dizer, ao invés de decidir quem está certo ou errado, ou quem é bom ou mau. A última forma, infelizmente, parece ser de longe a mais comum.

Foi por isso que cheguei ao livro "Nonviolent Communication", de Marshall Rosenberg, que discute fatos sutis sobre comunicação que acabam fazendo toda a diferença entre ela ser usada como uma ferramenta para agressão ou para a solução de problemas de forma colaborativa. Ele fala de técnicas tais como a simples reformulação de frases para que não tenham uma forma agressiva, mas vai muito mais longe do que isso ao discutir conceitos básicos relacionados à comunicação, como a empatia e a atribuição de responsabilidade.

Infelizmente o método NVC é às vezes bem pouco natural. Eu sinto que falar realmente da maneira como Rosenberg aconselha pode soar extremamente forçado e artificial, e distrair o interlocutor ao invés de aumentar a eficiência da comunicação. Mas eu também acredito que se pode adaptar seus conceitos para um estilo mais natural.

Outro problema que tenho com esse livro é que oferecer empatia não parece funcionar da forma que o autor prevê. Ele parece acreditar que aqueles a quem a oferecemos baixarão suas defesas e começarão a se comunicar de forma mais aberta e menos agressiva. Porém eu acho que, pelo menos no início, isso pode na verdade aumentar a agressão por fazer a pessoa se sentir justificada em sua ira. Isso pode levá-los a usar o “reconhecimento do erro” (que é como a empatia pode ser interpretada) como um meio para garantir sua vitória e ganhar terrítório. Talvez oferecer empatia por tempo suficiente possa começar a reverter esse padrão, mas eu me pergunto quantas pessoas têm esse tipo de energia.

Apesar dessas objeções, eu acredito que esse livro é muito útil e importante por chamar a atenção à necessidade de comunicação mais consciente, e por discutir vários conceitos essenciais.

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