Sunday, November 05, 2006

Pink Floyd and Ivri Lider

Fui a dois bons shows em Chicago recentemente: Roger Waters, do Pink Floyd, and Ivri Lider, um cantor de pop/rock israelense, muito bom.

Rogers Waters tocou praticamente só músicas bem conhecidas (e excelentes) do Pink Floyd. O show também envolve vários vídeos interessantes e um porco flutuando sobre a platéia e depois solto até sumir no céu.

Ivri Lider é talvez o principal cantor israelense atual e tem umas músicas muito envolventes e dançantes, com algumas melodias sutilmente estranhas. Minha preferida é "The Blue Glass." Depois do show tive o privilégio de ir dizer a ele, em hebraico, que queria ter seu filho (aparentemente uma frase popular entre as adolescentes fanáticas por cantores em seus shows).

Tuesday, March 28, 2006

Há vinte anos...

Há exatos vinte anos atrás, perdi um amigo.

Morávamos na mesma rua. Ele, franzino, pequeno, tímido, mas cheio de energia e imaginação. Sua brincadeira favorita era "já pensou se...", seguido de algo normalmente esdrúxulo e cheio de desdobramentos fantásticos. Ria muito. Gostava de segredos, de rixas, mas só as que não tinham importância. Leal, sempre se pondo ao meu lado e de meu irmão.

Um dia mudamos para Minas, por um ano. Quando visitávamos São Paulo, íamos ver a ele e aos outros amigos da rua. Quando voltamos, para uma outra rua, era o único que aparecia lá em casa, de repente, sem avisar, normalmente depois de uma longa caminhada, e ficava o dia todo. Topava qualquer brincadeira, jogava videogame durante horas.

Trabalhava muito e ajudava a família, sem nunca ter completado quinze anos. Meu pai um dia o empregou como office-boy, e por isso ele sempre tinha mais dinheiro que a gente. Gostava de me levar no Yokoyama e me pagar um pastel e um suco. Eu ficava grato, e um pouquinho sem-graça.

A família era religiosa e séria, testemunhas de Jeová. Nunca usava tênis e jeans, só calças compridas e sapatos. Sentava com as pernas num W impossível, do mesmo jeito que minha filha faz hoje, e também como ela tinha cílios longos.

Sempre que algo pequeno caía no chão, no escuro da rua, e eu não conseguia encontrar, eu o chamava e ele achava, o que impressionava toda vez.

Um dia fomos pra praia e ele foi junto. Entramos no mar, e só eu saí, no que foi um dia definitivo da minha vida. Vi sua mãe recebendo a notícia e nunca mais esqueci.

Marcelinho, lembro de você. Hoje e sempre.